segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Empresárias heterossexuais faturam com loja de roupas, cuecas e sungas para o público gay

Empresárias heterossexuais faturam com loja de roupas, cuecas e sungas para o público gay

Com um faturamento de R$ 200 mil em 2009, a Cox Ipanema investe em uma marca própria e parceria com nomes internacionais para conquistar o estilo de seus clientes
 
Fonte: Revista Pequenas Empresas Grandes Negócios
Por Rafael Farias Teixeira
  Divulgação
Interior da loja Cox Ipanema

Roupas, bermudas, sungas, acessórios e vibradores. Esses são alguns dos produtos vendidos pela loja Cox Ipanema, do Rio de Janeiro, voltada para o público gay e criada por uma dupla de empreendedoras. Ambas heterossexuais. Ana Quaresma e Mônica Peixoto decidiram abrir a loja depois de conhecer melhor o universo gay da cidade de São Francisco, na Califórnia, estado americano conhecido por ser um dos berços do movimento LGBT. "A Mônica é minha cunhada e morou lá por 12 anos", conta Ana. "Eu ia visitá-la com muita frequência e notamos a abundância de negócios voltados para esse público."

Mônica, que é designer, voltou ao Brasil e não sabia o que fazer para se inserir novamente no mercado, enquanto Ana já queria abrir seu próprio negócio. Com sugestões de amigos e outras pessoas que também observavam o crescimento do mercado voltado ao público gay, confirmaram a oportunidade observada em São Francisco e inauguraram a Cox há quase dois anos com um investimento inicial de R$ 100 mil.

Fizeram uma grande pesquisa de mercado em lojas de São Francisco para identificar as principais tendências e começaram com confecção própria, para depois prospectar parcerias com outras marcas que se enquadravam no perfil dos seus clientes. "Eu me atualizo e pesquiso muito na internet para saber o que há de novo", afirma Ana. "Recebemos também muitas sugestões de amigos e achamos sempre algo novo em nossas próprias viagens. E não precisa ser necessariamente uma marca voltada para o público gay. Tem que se encaixar no gosto dele."

A loja fica localizada no terceiro piso de um edifício na Rua Visconde de Pirajá, próxima à praia de Ipanema e de dois pontos bastante frequentados pelo público gay, o Posto 9, na própria praia, e a rua Farme de Amoedo. No começo do negócio, Ana e a sócia costumavam pendurar uma bandeira arco-íris do lado de fora para atrair clientes das redondezas. "Desde o início também distribuímos flyers na praia e em outros lugares. É a forma mais imediata de atrair clientes, que acabam passando aqui no caminho", diz Ana. Além disso, a marca começou a ser anunciada em jornais de bairro e publicações direcionadas ao público homossexual.

Os clientes estrangeiros também são muito frequentes entre as araras de cuecas e camisetas estampadas. " De novembro a março, os gringos chegam a representar 60% das nossas vendas", afirma Ana. E os heterossexuais? Arriscam-se a chegar perto? "Não é tão comum, mas recebemos alguns com suas namoradas. Aqueles caras mais fortes, que buscam uma camiseta mais apertada ou mais decotada." A loja vende em média 2.500 peças por ano e faturou R$ 200 mil em 2009, com expectativa de chegar a R$ 350 mil em 2010.

Os diferenciais dos produtos
Mas o que faz o sucesso de uma roupa ou cueca para o público gay? E o que essas peças têm de diferente em relação a suas contrapartidas heterossexuais? "A cores são mais diversificadas e vibrantes, as estampas são mais ousadas e inusitadas e algumas camisetas com gola "V" são mais decotadas", explica Ana. "As cuecas também são feitas de outros tecidos, como fibra de bambu e lycra, e têm um corte mais baixo. Não é aquele básico, sempre branca, cinza ou preta. E vendemos também cuecas especiais que têm, por exemplo, um elástico atrás que deixa a bunda mais empinadinha."

A loja possui uma marca própria e tem parcerias com outros nomes como Anjo da Guarda, Adeh Oliveira, Surrender e a famosa AussiBum, grife australiana conhecida do público gay, cujas sungas chegam a custar R$ 250. Ana ainda está em negociações para comercializar a badalada marca espanhola de sungas e cuecas Es Collection, que faz a mesma linha de sua concorrente australiana. Além disso, a loja comercializa vibradores da marca sueca Lelo, que segundo Ana, tem um design diferenciado. "É um cantinho pequeno da loja e não chega a assustar os clientes", diz.